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Comer muito OVO faz mal?

Comer muito OVO faz mal?

Dieta e exercícios são considerados os fatores primários de prevenção de doenças cardiovasculares (DCV), sendo esta a principal causa de morte no mundo. Na década de 80 depois da publicação de um estudo realizado em sete países e que associou erroneamente o efeito do consumo de ovo com os mesmos efeitos negativos do consumo excessivo de gorduras saturadas (esta sim aumenta o risco de DCV), sendo então seu consumo desencorajado, tanto pela comunidade médica, quanto pela população de modo geral. Mas desde os anos 2000, de acordo com as recomendações da American Heart Association, concluiu-se que o consumo de mais de um ovo por dia, não modifica o risco de DCV em adultos saudáveis.


Vamos para a literatura? Lá em 2013, Rong e colaboradores em um meta-análise que envolveu os dados de 3 milhões de pessoas, concluíram que o consumo excessivo de ovos (mais de um por dia) não está associado com o risco aumentado de doenças coronárias ou derrame. E que PELO CONTRÁRIO, pessoas que consomem mais de 1 ovo por dia tiveram até 25% menos risco de desenvolver derrame hemorrágico.Mas vamos falar sobre dados mais atuais né?! 


Em uma revisão sistemática publicada em 2020 no American Journal of Clinical Nutrition, com dados de 5.529.959 pessoas, Drouin-Chartier et.al., não encontrou relação entre o consumo diário de ovo e risco aumentado de diabetes tipo 2. Em outra revisão sistemática, publicada também no American Journal, fresquinha, agora de 2021, Krittanawong et. al., com base em dados de 1.415.839 indivíduos, além de  concluírem que o alto consumo de ovo não está associado com o aumento de risco cardiovascular, ainda sugeriram o contrário, que o alto consumo está associado com uma SIGNIFICATIVA REDUÇÃO do risco de doença arterial coronariana. 


Bem como o estudo de Godos et al. (2021), publicado no European Journal of Nutrition, que com base em dados de quase 2 milhões de pessoas também concluiu que não há evidência de consumo de ovo e aumento de DCV, indicando também o contrário, uma possível proteção contra a incidência das mesmas, sendo ainda mais estudos necessários.


Podemos concluir então, em uma era de modismos, e onde qualquer pessoa pode afirmar o que quiser fundamentada apenas em “achismos”, embasar nossa atuação em fontes primárias de informação é fundamental e que mais perigoso do que o consumo DIÁRIO de ovo, é a falta de informação!


Referências:

RONG, Ying, et. al. Egg consumption and risk of coronary heart disease and stroke: dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. BMJ. 2013 Jan 7;346.

GARCIA, AF. Egg consumption and cardiovascular risk. Nutr Hosp. 2016 Jul 12;33(Suppl 4):344.

DROUIN-CHARTIER, Jean-Philippe, et.al. Egg consumption and risk of type 2 diabetes: findings from 3 large US cohort studies of men and women and a systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Am J Clin Nutr. 2020 Sep 1;112(3):619-630.

KRITTANAWONG, Chayakrit, et. al. Association Between Egg Consumption and Risk of Cardiovascular Outcomes: A Systematic Review and Meta-Analysis. Am J Med. 2021 Jan;134(1):76-83.e2.

GODOS, J. et. al. Egg consumption and cardiovascular risk: a dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. Eur J Nutr. 2021 Jun;60(4):1833-1862.

PROF.MS. BRUNO PAGAN
O autor: Mestre em Atividade Física & Saúde (UEM/UEL), com especialização em Atividade Física & Saúde (UNICESUMAR), Graduado em Educação Física (UEM), cursou Nutrição (PUCPR) até o último ano, deu uma parada para realizar o mestrado e se aventurar pelo empreendedorismo. Hoje se reveza na administração, aulas em diversos cursos de pós graduação, participa de maratonas, triathlon.